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Sujeitos e Lógica da Perceção
Authors: Maria José Barbosa
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Timor-Leste, um dos mais jovens países do mundo, apesar da suas riquezas naturais, apresenta baixos indicadores de desenvolvimento humano (IDH). O sistema político e educativo de Timor-Leste é marcado por impasses que resultam, de entre vários fatores, do embate paradigmático de duas culturas distintas, a ocidental e a timorense. A especificidade da cultura timorense, cuja origem remonta a uma génese mítica, não criacionista, induz, com frequência, a erros lógicos e incorreções de interpretação hermenêutica. A implementação do sistema democrático moderno, que implica a criação de um Estado de Direito, e do sistema educativo ocidental, de que resultará necessariamente num logocentrismo, encontra na “indefinição do eu” que caracteriza o sujeito timorense, um obstáculo estrutural. Não é nossa pretensão dar início a um estudo da subjetividade timorense ou perscrutar as causas das dificuldades, aparentemente incontornáveis, do impasse civilizacional que encerra a prosperidade do horizonte histórico timorense. O presente artigo, que assumirá um caracter meramente introdutório, tem como objetivo, não o de auferir as causas das dificuldades de Timor-Leste em alcançar e cumprir os objetivos de desenvolvimento sustentável, mas de colocar em referência novos termos de análise para o que pode estar a condicionar o desenvolvimento de Timor-Leste.