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“... É QUE NARCISO ACHA FEIO O QUE NÃO É ESPELHO”: RESENHA DE METAFÍSICAS CANIBAIS
Authors: Thomás Antônio Burneiko Meira
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Metafísicas Canibais, editado há pouco no Brasil, foi publicado originalmente em francês, para inaugurar a coleção MétaphysiqueS, da PUF (Presses Universitaires de France), em 2009. Voltado, de início, a um público que se pressupõe fluente em filosofia, mas sem necessária familiaridade com a antropologia, o livro reuniu, quando de seu lançamento na França, produções anteriores de
Viveiros de Castro, adaptadas e arranjadas de modo a formar uma linha argumentativa capaz de expor o projeto mais amplo perseguido pelo autor em sua disciplina. Como consta no prólogo da edição brasileira, pelas polêmicas geradas desde o lançamento na Europa, ao invés da tradução para o português, seu idealizador ambicionava uma outra obra, uma versão muito ampliada, a fim de “acertar as contas” (p.12) com as críticas e cujo título seria O Anti-Narciso. Contudo, na impossibilidade de levar a vultosa tarefa adiante, por aqui, Metafísicas foi
organizado como uma espécie de resenha – ou talvez menos, um press release; o que, por outro lado, é ainda mais, em virtualidade – desse outro livro que nunca será escrito, mas que, de alguma forma, já se realiza, em conjunto, por
outros antropólogos contemporâneos – designadamente, Roy Wagner, Marylin Strathern, Bruno Latour e, como exceção ao marco temporal (mas muito mais por se situar no futuro da antropologia, que ele antecipou mesmo que fisicamente
situado em um passado recente), Lévi-Strauss.