Revista Ideação

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Authors: André de Jesus Nascimento (UEFS); Mauro Lúcio Leitão Condé (UFMG); Wagner Teles de Oliveira (UEFS)

A obra de todo grande filósofo dá um novo rumo à filosofia. Wittgenstein, segundo Kaufmann, terá sido o único a ter mudado a história da filosofia duas vezes. (1973, p. 11) Embora seja pacífico, na literatura sobre a obra de Wittgenstein, que o Tractatus e as Investigações Filosóficas constituam movimentos filosóficos distintos, não é tão pacífico que Wittgenstein não seja autor de uma, mas de duas filosofias. Seja como for, desde a sua recepção, o Tractatus e as Investigações inspiraram duas das mais importantes escolas filosóficas do século XX: o empirismo lógico e a filosofia analítica da linguagem.

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Authors: JULIANA DE ORIONE ARRAES FAGUNDES

Este trabalho versa sobre as abordagens de segunda pessoa e de terceira pessoa para atribuição de estados mentais. A partir da metade do século XX, aproximadamente, considera-se que a perspectiva mais apropriada para uma compreensão da mente é a partir da psicologia de senso comum, ou seja, a capacidade natural que temos de atribuir estados mentais para explicar e prever o comportamento dos outros. Sem isso, não seríamos capazes sequer de manter um diálogo com alguém. A atribuição de estados mentais foi muito estudada a partir das atitudes proposicionais, como crença e desejo. A partir do trabalho de Diana Pérez, pretendese dar um passo atrás e olhar para atribuições de estados mentais a partir das emoções compartilhadas antes da aprendizagem da linguagem.

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Authors: JULIELE MARIA SIEVERS; E ERICK SANTOS DA SILVA

A partir da noção de “Necroplítica” trabalhada pelo filósofo camaronês Achille Mbembe e de “Pacto Narcísico da Branquitude”, trabalhado pela psicóloga brasileira Cida Bento, este artigo tem como objetivo fomentar reflexões críticas sobre os atravessamentos desses dois conceitos. Pelo olhar de Achille Mbembe, Necroplítica é o poder exercido pelo soberano, no qual este usa uma política de aniquilamento e inimizade, decidindo quais corpos devem morrer e quais devem viver. Entendemos que tal perspectiva em grande medida se relaciona com o Pacto Narcísico da Branquitude que, de acordo com Cida Bento, atua de modo a colocar o sujeito branco como o ponto de referência em todas as esferas e estruturas sociais, perpetuando seus privilégios e tornando as demais raças e formas de existência inferiorizadas, inclusive política e socialmente. Nesse sentido, através dessa lógica necropolítica exercida pelo soberano somada a esse pacto narcísico da branquitude, são os corpos negros que devem, dentre os demais, morrer, pois são considerados o “Outro” – do sujeito branco – e o inimigo do Estado.

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Authors: GERALDO DAS DÔRES DE ARMENDANE

Este artigo discute a contribuição do segundo Wittgenstein para o debate sobre o ceticismo metodológico cartesiano na filosofia contemporânea. Esse tipo de ceticismo é formado por um conjunto de argumentos céticos, a saber: os argumentos da Ilusão dos sentidos, do Sonho, do Deus enganador ou do Gênio maligno, presentes na primeira meditação das Meditações Metafísicas. Demostraremos que o projeto terapêutico da filosofia do segundo Wittgenstein constitui uma proposta interessante frente ao desafio do ceticismo na filosofia contemporânea. Para isso, em primeiro lugar, abordaremos as críticas wittgensteinianas ao ceticismo filosófico nas Investigações Filosóficas e no Da Certeza; em seguida, mostraremos que a proposta terapêutica do segundo Wittgenstein é relevante para o debate sobre o ceticismo na filosofia contemporânea; e, por fim, apresentaremos a conclusão que chegamos.

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Authors: MARCO AURÉLIO GOBATTO DA SILVA; MIRIAN DONAT

As divergências entre a filosofia de Arthur Danto em relação ao pensamento wittgensteiniano, especificamente em sua aplicação no campo da filosofia da arte, são profundas, marcadamente na oposição entre o essencialismo do primeiro e o antiessencialismo do segundo. Entretanto, apesar dessas divergências, há também pontos de convergência entre os dois autores, sobretudo no que diz respeito a uma epistemologia da arte, onde esta confluência se mostra mais nítida. Neste artigo, mostramos que esta convergência pode ser explicitada a partir da figura do Testadura de Danto e da noção de cegueira para aspectos de Wittgenstein.

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Authors: VALÉRIO HILLESHEIM

A filosofia de Wittgenstein é uma atividade que visa o esclarecimento lógico da linguagem, em sua primeira fase (Tractatus) e uma terapia linguística, em sua segunda fase (Investigações Filosóficas e outras obras). Uma das coisas comuns entre essas duas fases é a tentativa de eliminar o psicologismo. Para melhor compreender essa atitude filosófica é importante estabelecer a diferença entre relatividade e relativismo nos usos da linguagem. O objetivo deste trabalho é apresentar as principais diferenças entre o significado de relatividade e relativismo nos usos da linguagem em Wittgenstein. Essas diferenças podem ser compreendidas a partir da análise gramatical de diferentes temáticas. No entanto, esse trabalho irá priorizar essa diferenciação a partir da discussão de conceitos epistêmicos, como saber, certeza, dúvida e a gramática implicada nesses usos sob a perspectiva do pano de fundo das formas de vida. O problema principal que se apresenta nesta análise é: como as mesmas proposições podem ser concebidas ora como cumprindo um papel gramatical, portanto, normativo, ora cumprindo um papel empírico, factual? Essa diferenciação é importante, pois ela possibilita evitar os usos confusos e indevidos da linguagem quando ocorre a mistura entre critérios e sintomas, o factual e o metafísico provocando diversos mal-entendidos.

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Authors: RAFAEL FERNANDES MENDES DOS SANTOS

Meu objetivo central é investigar temas essenciais à filosofia de Stanley Cavell, sobretudo sua compreensão do ceticismo, o que ele nomeia ameaça cética, e o vínculo entre sua prática filosófica e a conquista de autoconhecimento. Dessa forma, em primeiro lugar, apresento sua defesa do ceticismo como um fenômeno natural, em conjunto com a relação entre tal fenômeno e o silenciamento da possibilidade de se exprimir estados subjetivos. Em seguida, procuro esclarecer como Cavell lê a noção wittgensteiniana de critério presente nas Investigações Filosóficas, concebendo o ceticismo como repúdio à critérios, motivado por uma visão epistêmica que resulta na demanda por Conhecimento infalível tanto do mundo como das outras mentes. Veremos que, segundo seu argumento, ao cobrarmos o que critérios não poderiam nos dar, isto é, a garantia de que a aparência fenomênica corresponda a existência de um fenômeno, somos ameaçados pelo ceticismo. Ao cair nela, excluímos nossa subjetividade das interações comunicativas no interior das formas de vida. Por final, diante dessa ameaça cética, procuro mostrar como Cavell atribui à filosofia ou à prática de recordar critérios de significação da linguagem ordinária a função de nos tornar consciente de quem somos.

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Authors: LUIZ HENRIQUE DE LACERDA ABRAHÃO; E RAFAEL VELLOSO

Paul Karl Feyerabend (1924-1994) se candidatou a uma vaga na Musikhochschule Weimar no início de abril de 1946. Antes disso, em Apolda, trabalhara em um jardim de infância da cidade compondo e dirigindo peças teatrais e espetáculos musicais para crianças. Aquela academia musical alemã tinha sob seus cuidados o Institut zur Methodogischen Erneuerung des Deutschen Theaters, um prolongamento do Deutsches Theater Moskau, dirigido por Maxim Vallentim. E, para conquistar a vaga na Universidade de Música, o pretendente – com cerca de 22 anos de idade, mas já veterano de guerra – confiou à instituição uma concisa carta de apresentação.

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Authors: LEONARDO SILVA BERNARDES

As Investigações Filosóficas são apresentadas nesse artigo a partir de duas chaves, determinação e ficção. A determinação corresponde ao eixo de transformação de um pensamento que redefine a função de elementos normativos no interior de uma linguagem instituída fundamentalmente a partir de práticas. A ficção, por sua vez, consiste numa estratégia para fazer ver aquilo que está mais além do que nos permite enxergar a adesão incondicional (cegueira) aos nossos quadros normativos, sendo por isso uma estratégia tão fecunda quanto perturbadora. O artigo terá cumprido seu propósito se deixar a impressão de que este já antigo livro contém ainda sementes de muitos pensamentos imprescindíveis ao mundo do século XXI.

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Authors: ANTONIO IANNI SEGATTO

Neste artigo, pretendo mostrar, em primeiro lugar, que há um equívoco subjacente a duas leituras opostas das considerações de Wittgenstein sobre seguir regras, a saber, a leitura cética de Kripke e a leitura de Baker e Hacker. Acredito que a caracterização correta desse malentendido é o primeiro passo em direção a uma maneira correta de compreender as considerações de seguir regras, uma vez que essas leituras estão sujeitas a uma confusão filosófica que Wittgenstein deseja dissolver. Em seguida, apresento um breve comentário das considerações sobre seguir regras inspirado na chamada leitura resoluta, mais precisamente, na ideia de que o principal objetivo de Wittgenstein é minar a ilusão filosófica segundo a qual poderíamos contemplar nossas próprias práticas de fora, isto é, de um ponto de vista independente de todas as atividades e reações humanas.

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Authors: PAUL FEYERABEND

Para a discutir este livro, procederei assim: primeiramente estabeleço uma teoria T, a qual é criticada ao longo do livro. Desta maneira, não utilizo as asserções habituais da teoria de Wittgenstein (se existe alguma), o que, naturalmente, pode resultar em uma idealização. Em segundo lugar, mostro como aquela teoria é atacada por Wittgenstein – primeiramente, empregando um exemplo (que exerce uma função central nas Investigações, mas que utilizei para apresentar argumentos não apresentados no livro em conexão com este exemplo), discutindo, então, em termos gerais, as dificuldades reveladas pelo exemplo. Em terceiro lugar, estabeleço o que parece ser a própria posição de Wittgenstein no ensaio.