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MERLEAU-PONTY LEITOR DE BERGSON: DO VITALISMO AO PRIMADO DA AÇÃO
Authors: Pablo Enrique Abraham Zunino
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O objetivo deste artigo é examinar a noção bergsoniana de “ação vital”, concebida como uma atividade inerente à vida, característica do processo evolutivo, que imediatamente levanta a seguinte questão: Por que insistimos em ver uma superioridade da inteligência humana em relação ao instinto animal, se não são duas atividades da mesma ordem que se possam hierarquizar? A evolução criadora (1907), na medida em que oferece uma formulação completa desse problema, pode ser lida como uma crítica às filosofias da natureza, na qual se insere o debate que Merleau-Ponty quer iniciar n’A estrutura do comportamento (1942) ao propor, seguindo Aristóteles, três ordens de comportamento (física, vital e humana). Antes de entrar nesse debate — ou melhor, para entrar nele — é preciso esclarecer ao menos dois aspectos do pensamento de Bergson: em primeiro lugar, a afirmação de que a inteligência e o instinto se opõem e se completam e, em seguida, a distinção entre diferença de grau e diferença de natureza. Com efeito, o primeiro tipo de diferença supõe uma diferença de intensidade, justamente, a que não se verifica entre essas três formas de vida (vegetativa, instintiva e racional) — porquanto ali não há aumento progressivo que indique graus de superioridade.