64-76
A ALTERNÂNCIA DAS FORMAS PRONOMINAIS TU, VOCÊ E O(A) SENHOR(A) NA FUNÇÃO DE SUJEITO NO PORTUGUÊS FALADO EM CAMETÁ-ESTADO DO PARÁ / THE ALTERNATION OF THE PRONOMINAL FORMS TU, VOCÊ, AND O(A) SENHOR(A), IN THE SUBJECT FUNCTION, IN PORTUGUESE SPOKEN IN CAMETÁ - STATE OF PARÁ
Authors: Raquel Maria da Silva Costa

Number of views: 426
Este artigo apresenta um estudo sobre a alternância das formas pronominais de referência à segunda
pessoa, na função de sujeito, Tu/Você/o(a) Senhor(a) no português falado na zona urbana do município
de Cametá-Pará. Adota como quadro teórico-metodológico a Teoria da Variação e Mudança
Linguística. Objetiva analisar o papel de fatores linguísticos (tipo de frase, tempo do verbo, referência
genérica e específica do pronome) e fatores extralinguísticos/sociais (sexo/gênero, faixa
etária e relações hierárquicas) na motivação do comportamento variável de tu, você e o(a) senhor(a).
O corpus da pesquisa contém dados de gravações colhidos a partir das interações face a face de
08 (oito) grupos focais, cada um constituído por 04 (quatro) sujeitos participantes, todos cametaenses,
totalizando 32 participantes. Porém destes, apenas 08 (oito) foram objeto de análise deste
trabalho, que são nossos informantes-base, na faixa etária entre 21 a 29 e de 34 a 44 anos, do sexo/
gênero (masculino e feminino) e todos com nível superior. Na fala destes 08 (oito) informantes-
-base obtivemos 223 dados, estes foram analisados pelo GOLDVARB. Os resultados apontaram
105 ocorrências da forma pronominal tu, 110 de você e apenas 08 da forma o(a) senhor(a), o que
corresponde, respectivamente, a 47,1%, 49,5% e 3,2% dos dados considerados na pesquisa.
Observamos que a forma tu é favorecida pela referência direta e específica ao interlocutor, pelo
frase tipo exclamativa e é usado mais pelas mulheres, principalmente em interações sociais simétricas;
enquanto a forma você, tem o uso motivado pela referência específica para um grupo e é
usada principalmente entre falantes de hierarquias sociais diferentes (status superior para inferior).
Isso, nesta análise, de cunho parcial, nos leva a perceber que esta forma é marca de distanciamento
social e tratamento não íntimo entre os falantes na comunidade analisada.