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POESIA, PAISAGEM E SENSAÇÃO / Poetry, landscape and sensation
Authors: Michel Collot, Fernanda Coutinho

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O presente artigo reflete teoricamente acerca da paisagem, questão que se tornou um considerável
desafio no campo das ciências humanas e das práticas sociais contemporâneas, bem como para a
arte e para a poesia modernas. Trata-se de uma noção que se situa, histórica e estruturalmente,
entre um pensamento simbólico do Lugar, que dominou a Antiguidade clássica e a Idade Média,
e um conhecimento científico do espaço que se desenvolve até aos Tempos modernos. A partir do
Romantismo, notadamente a poesia lírica transformou a paisagem em um lugar de expressão da
sensibilidade. Em contrapartida, a arte e a literatura no século XX tenderam a se desviar da representação
do mundo exterior para explorar os recursos próprios a seus meios de expressão. Como
tal, a paisagem parece ter perdido o seu lugar na cena estética, o que não é exato, uma vez que
continua a inspirar muitos artistas e escritores. Controversa por natureza, a ideia de paisagem abre-
-se a inúmeras indagações, tais como os conceitos de sensação e percepção, colhidos em Paul
Valéry, os quais são trazidos a esse texto, como uma proposta de fruição da poesia entendida como
um lugar de reativação das sensações e dos afetos.