5-8
CLEÓPATRA PROSTITUÍDA OU A EVOCAÇÃO HISTÓRICA A SERVIÇO DA SÁTIRA
Authors: Alvaro Santos Simões Junior

Number of views: 230
Olavo Bilac (1865-1918), um dos principais poetas
do parnasianismo brasileiro, publicou centenas de poemas
satíricos em periódicos cariocas e paulistanos. A Gazeta
de Notícias, do Rio de Janeiro, foi o veículo principal
dessa produção que criticava principalmente a vida social
e política da então Capital Federal. Como intelectual
orgânico dos grupos dirigentes, Bilac, em suas crônicas e
sátiras, apoiava as iniciativas por vezes truculentas do
poder público, que, nos primeiros anos do regime republicano,
procurava controlar e disciplinar as chamadas “classes
perigosas”. No texto “Cleópatra (ode moderna)”, publicado
em 5 de maio de 1896 (p. 1, 6. col.), o poeta, sob o
pseudônimo Fantasio, comparou uma prostituta carioca,
expulsa da rua Senhor dos Passos pela repressão policial,
à célebre rainha do Egito, amante de Júlio César e Marco
Antônio. A comparação burlesca procurava expor ao ridículo
a meretriz, mas a ironia do enunciado atingia até
mesmo a autoridade policial. Em sua “ode moderna”, Bilac
fez uso paródico de um dos principais motivos explorados
pelos parnasianos: a evocação da Antigüidade.