67-80
Antes da Arte e Através da Arte: Para a Instalação Benigna da Incerteza na Educação / Before art and through art: for the benign installation of uncertainty in education
Authors: Francisco Coelho Neves Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto Centro de Investigação e Intervenção Educativas – Fundação para a Ciência e a Tecnologia franciscocoelhoneves@gmail.com / Henrique Vaz Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto Centro de Investigação e Intervenção Educativas henrique@fpce.up.pt
Number of views: 251
Este texto 1, de pendor ensaístico, partiu da observação de formações artísticas em escolas do 1.º Ciclo do Ensino
Básico. Nele, refletimos acerca de como a introdução benigna da incerteza na educação poderia contribuir para a
inversão do paradigma educacional hiper-racionalizado, aproximando-o positivamente da perspetiva ontológica freireana. Sugerimos que nos coloquemos numa posição anterior à da integração da arte na educação procurando lugares de questionamento que radicalizem, ainda que filosoficamente, a posição perante a certeza – a normalização, a formatação, a tecnicização, a estigmatização, a exclusão, o controlo e a uniformização; só assim se poderá pensar numa educação que respeite a “ontológica vocação de ser sujeito” (Freire, 1967: 36), uma vocação incompleta, inacabada e inconclusa, portanto, subjetiva e em devir, que nos deve, constantemente, colocar em estados reflexivos, críticos e questionadores, e nos quais a arte poderia assumir um papel fundamental. / This paper, near the essay configuration, settles in the observation of artistic formations in schools of 1st Cycle Basic Education. In it, we reflect on how the benign introduction of uncertainty in education could contribute to the inversion of the hyper-rationalized educational paradigm, bringing it positively closer to the Freirean ontological perspective. We suggest that we place ourselves in a position prior to the integration of art in education, looking for places of questioning that radicalize, even if philosophically, the position of certainty – standardization, formatting, techniczation, stigmatization, exclusion, control and uniformity; only in this way can we think of an education that respects the “ontological
vocation of being subject” (Freire, 1967: 36), an incomplete, unfinished and unconclusioned vocation, therefore, subjective and in becoming, which must constantly place us in reflective, critical and questioning states, in which art can play a fundamental role.