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A LIÇÃO DO MESTRE AO ALUNO DE POESIA: CRÍTICA E MODERNIDADE EM DRUMMOND E PAES
Authors: Albertina Vicentini, Célia Sebastiana Silva e Maria Luíza Laboissiére de Carvalho
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Para Eliot (1968), por um princípio de crítica estética, não só de crítica histórica, nenhum artista alcança sozinho o significado completo das coisas, ele precisa da tradição, que envolve fundamentalmente o senso histórico. Com as
inquietações da arte moderna, o diálogo entre um escritor e outro se torna ainda mais estreito. E é com senso histórico que, em seu primeiro livro, Paes declara: “São meus todos os versos já cantados”, aludindo à ressonância das vozes da tradição em sua criação poética. Ao se autointitular “aluno”, entre humilde e irônico, o poeta, além
de eleger os seus mestres, cita nominalmente alguns e o principal deles: Drummond. Como uma das principais vozes do Modernismo brasileiro, o itabirano apresenta uma poesia que ecoa fortemente em seus sucessores. O propósito deste artigo é mostrar como a voz do “mestre” Carlos Drummond de Andrade atua no aluno de poesia José Paulo Paes ou como o aluno lê o mestre. Pretende-se verificar não as influências ou as coincidências entre esses dois poetas, mas a persistência de “certos modos de pensar, de ver e de sentir”, como quer Octavio Paz (1984).